domingo, 11 de março de 2012

O tempo do DEPOIS...

Depois que eu me aposentar... Depois que meus filhos casarem... Depois que meus netos... Quando chega o tempo do depois, você tem que ser equilibrista pelo resto da  sua vida!!! Mas, experimente esta receita caseira, que às vezes dá certo:
- Escolha um dia da semana para o encontro com seus amigos ou amigas queridas para ver um bom filme ou tomar um café ou um vinho, ou os dois, de preferência o filme e o vinho!
- Para se equilibrar melhor, aí não tem escolha: ginástica! Busque aquela amiga maravilhosa que também  tem pouca disposição para fazer ginástica e combine com ela o mesmo personal trainer e a mesma hora, ficará mais fácil, porque uma dá “força” para outra.
- Organize dentro da semana um dia para o seu banho de mar e, mergulhe, mergulhe como você mergulhava naquele grande amor que você nunca mais viu, e faça esta homenagem a ele! Ah...
- Volte  para a sala de aula. Relembre aquela língua, inglês ou francês, que você anda esquecida, e escolha o primeiro ano, porque seus coleguinhas serão mais bonitos e jovens.
- Também é necessário o dia da beleza. Ajeite o cabelo e as unhas, e sempre,  tome aquele banho de noiva.
E não esqueça (eu ia me esquecendo!): O maior poder do homem, é o poder da sedução. Existe sempre um sedutor de plantão em algum lugar na vida da gente. E este poder não depende nem de idade e nem de cor, até porque o sedutor é um sedutor, é um sedutor... Deixe-o entrar no seu sono. Não se preocupe, ele entra e sai sem fazer alarde.
 Lembre-se, o sedutor é vital para este tempo do depois!

quarta-feira, 7 de março de 2012

POEMA


POEMA
                                            (Berilo Wanderley)

O sol dos teus olhos foi que amadurou meus olhos.
A rosa da tua boca foi que perfumou a minha boca.
A doçura do teu amor foi que adoçou a minha vida.
E hoje minha vida é feliz.
Como uma janela aberta para uma manhã de sol.
Feliz como alguém que assobia na rua e passa.
E a tristeza que outrora
Guardei como rosas tristes,
Plantei entre pedras e não medraram nunca mais.
Agora canto como as fontes,
Que as dores mal nascidas secaram
E morreram à beira do caminho

quinta-feira, 1 de março de 2012

A arte de ser feliz

Houve um tempo em que minha janela se abria
sobre uma cidade que parecia ser feita de giz.
Perto da janela havia um pequeno jardim quase seco.
Era uma época de estiagem, de terra esfarelada,
e o jardim parecia morto.
Mas todas as manhãs vinha um pobre com um balde,
e, em silêncio, ia atirando com a mão umas gotas de água sobre as plantas.
Não era uma rega: era uma espécie de aspersão ritual, para que o jardim não morresse.
E eu olhava para as plantas, para o homem, para as gotas de água que caíam de seus dedos magros e meu coração ficava completamente feliz.
Às vezes abro a janela e encontro o jasmineiro em flor.
Outras vezes encontro nuvens espessas.
Avisto crianças que vão para a escola.
Pardais que pulam pelo muro.
Gatos que abrem e fecham os olhos, sonhando com pardais.
Borboletas brancas, duas a duas, como refletidas no espelho do ar.
Marimbondos que sempre me parecem personagens de Lope de Vega.
Ás vezes, um galo canta.
Às vezes, um avião passa.
Tudo está certo, no seu lugar, cumprindo o seu destino.
E eu me sinto completamente feliz.
Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas,
que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem,
outros que só existem diante das minhas janelas, e outros,
finalmente, que é preciso aprender a olhar, para poder vê-las assim.

Cecília Meireles