Emanuel
menino pescador, e criador de santos, sois, reis e homens, que se eternizam
feito pedra e emoção, tornando-se reais como espelho da sua própria vida.
Enfim, um escultor que pensa por meio de imagens, misturando pedra e realidade
em arte.
Como o jovem
Manolin amigo de Santiago do “Velho e o Mar” – Emanuel conviveu com um pescador
de barbas longas como um profeta antigo, pele dourada do sol, o braço amputado, resultado das batalhas com peixes gigantes, e mestre na preparação de
deliciosos escaldados de frutos do mar.
Vindo
ninguém sabe de onde, surgiu do mar e logo se fez irmão, naquela aldeia de
pescadores.
Falava com
experiências da sorte, da sobrevivência, das tempestades, tubarões, de enormes
ondas e até da doçura do nascer do sol perdido no horizonte todo azul, cortando
céu e mar.
Por alguns
anos ele transformou o cotidiano da aldeia. Mas o estranho homem, sem nome e
sem um braço, sumiu de mar a fora, num dia qualquer, talvez atendendo ao
chamado de alguma sereia solitária, quem sabe! Mas, deixou raízes na visão
clara e emocionada do artista que recriou-o com seu cinzel amolado, quebrando
em beleza, sem alterar o passado, a figura desse homem do mar e numa atitude de
carinho reconstruiu o seu braço. Depois, batizou-o com o nome de Guardião e plantou-o
numa beira de praia, onde recebia as homenagens de quem por lá passava. Numa
noite de lua cheia, o mar estava brabo e uma enorme onda, mais uma vez,
arrancou o braço de Guardião. Ninguém sabe dizer se por vingança ou mistério do
mar.
Hoje Guardião
mora numa casa bonita, protegido por outro Guardião , como diria Fernando
Pessoa: “A mim ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as cousas,
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.”
Ensinou-me a olhar para as cousas,
Aponta-me todas as cousas que há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem na mão
E olha devagar para elas.”