segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013





 

NA FRESCA MANHÃ
(Nilson Patriota)

Na fresca manhã de junho
Por uma trilha orvalhada
Entre ribeiras e montes
Que margeavam o oceano
Revelaste teus segredos
Contaste-me tua história
Belos arcanos e sonhos
Conservados na ternura
De um tempo bom que passou
Sem jamais ser olvidado.

O brando sol que batia
Em nossos rostos queimados
Realçava cores vivas
Às vezes dissimuladas
Na rósea cor da epiderme
Que os anos não desbotaram.
No orvalho de teu corpo
Nas águas de tua alma
Musgo e flores se abriam
Líquen e rosas trescalavam.

Maroto vento enlaçava
Nossos cabelos revoltos.
Pelo teu corpo trigueiro
Pelo teu corpo rosado
Uma beleza de fruto
De músci de superfície
De seiva doce e suave
À manhã de sol revelava.
No regaço de teus seios
A luz intensa brilhava.

De tua cútis dourada
Naquela manhã de junho
Âmbar e almíscar se evolavam
Enquanto à margem da estrada
Canoros pássaros trinavam.
A paisagem de encostas
De vales e depressões
De manso se refletia
No espelho de teus olhos
Que a luz intensa banhava.

Na fresca manhã de junho
Por entre nardos e cardos
Anelando fantasias
Sensível à tua ternura
Olhei-te e vi-te tão moça!
Onde os anos já passados
E o tempo que se foi?
Oh, coração! Oh, coragem!
Em qualquer fase da vida
O amor explode – nasce.



domingo, 24 de fevereiro de 2013

Oscar Wilde, no'O Retrato de Dorian Gray' :



A Fidelidade
As pessoas realmente frívolas são as que só amam uma vez na vida. O que elas chamam lealdade ou fidelidade, chamo eu letargia do hábito ou falta de imaginação. A fidelidade representa na vida emocional o mesmo que a coerência na vida do intelecto, apenas uma confissão de impotência. A fidelidade! Tenho de a analisar um destes dias. Está intimamente associada à paixão da propriedade. Há muitas coisas que atiraríamos fora se não receássemos que outros as apanhassem.

 

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Acalanto para Chico




Jamais pensei ver tão de perto o “Acendedor de Lampiões” – quando acende o lampião, é como se fizesse nascer mais uma estrela, dizia Saint-Exupéry. Hoje ele tem um nome: Chico Acari.
De certo a luminosidade têm várias nuances e com ele nós podemos ver:
Desde o menestrel cantando a sua terra, como aquele trovador da idade média;
Ao bailarino profissional cheio de leveza e manhas;
O mestre da cozinha fazendo do peixe, não o melhor sabor, mas recontando a encantadora aventura das marés;
Ou o perfumista conhecedor da sedução dos aromas sofisticados.
Assim, cada cor com sua certeza. Basta um mote e ele dará vozes aos animais e plantas, nos transportando ao mundo mais livre, mais alegre e, portanto mais feliz.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A vida não é real, mas os sonhos são...




 Sempre me espanto quando o dia amanhece assim, tão desconhecido, aí me dá uma vontade de chorar até pelo que não fiz.
 ”Eu que não dei por esta mudança/tão simples, tão certa, tão fácil: Em que espelho ficou a minha face?” Perguntava a poeta.
 Num dos cacos de espelho sobrenatural e infinito, visto a minha fantasia de colombina, restos de um vestido de tule usado nos 15 anos. Completado com retalhos de cetim preto, criação da minha fada rainha: Zabinha, que continua na doçura do amor fraterno tão mágico e milagroso.
 Aconteceu tudo igual a “Commedia dell’Arte”: a Colombina que é a minha realidade, e mais os outros dois, completando o trio famoso:
O Pierrô: poeta e mundo belo e novo da colombina.
O Arlequim: não usava roupas de losangos, mas era uma moça bonita que graciosamente  dançava para o meu Pierrô ver.
Depois do baile, no jornal da manhã seguinte, estava escrito sem nenhum disfarce a beleza da moça “arlequim”, que trouxera um dia à primavera para Madrid e etc. etc.
Disfarçar o meu ciúme? Foi tão difícil! Sofri todas as dores do mundo.
Mas o que me importa é que o Pierrô ainda brilha no emaranhado dos meus sonhos, e que a vida não é real, mas os sonhos são.