segunda-feira, 29 de abril de 2013

De Santo Agostinho para ANGELA




A morte não é nada.
Eu somente passei
para o outro lado do Caminho.

Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês,
eu continuarei sendo.

Me deem o nome
que vocês sempre me deram,
falem comigo
como vocês sempre fizeram.

Vocês continuam vivendo
no mundo das criaturas,
eu estou vivendo
no mundo do Criador.

Não utilizem um tom solene
ou triste, continuem a rir
daquilo que nos fazia rir juntos.

Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.

Que meu nome seja pronunciado
como sempre foi,
sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra
ou tristeza.

A vida significa tudo
o que ela sempre significou,
o fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora
de seus pensamentos,
agora que estou apenas fora
de suas vistas?

Eu não estou longe,
apenas estou
do outro lado do Caminho...

Você que aí ficou, siga em frente,
a vida continua, linda e bela
como sempre foi.


quinta-feira, 4 de abril de 2013

Conversa com Bené




 Revi agora o “Mágico de Oz”. A grande arte cinematográfica  retém o tempo. A beleza do cinema me comove, é um espelho dos nossos desejos, dos nossos afetos e por isso sempre nos faz chorar.
Como a  beleza que reside na forma de um longo poema, há sempre um verso escolhido que fica entranhado na alma da gente. Assim mesmo são alguns filmes, cenas às vezes curtas que continuam protagonistas dos nossos mais íntimos segredos:
- A inesquecível cena da morte de "Cidadão Kane", quando o gênio Orson Welles mostra a luz da vida escapando pela janela e  escurecendo lentamente o quarto do morto, como   pálpebras adormecidas.
- Ah! Chaplin em "O Grande Ditador" e a divertida discussão sobre um tratado de paz. Mas é o barbeiro judeu quem nos oferece  o mais completo show, fazendo a barba do careca numa incrível coreografia, enquanto ouve no rádio a  Dança Húngara número 5 de Brahms.  
- E, agora, o filme "Amor", onde Georges (Jean-Louis Trintignant) é um pássaro acuado e, em busca da liberdade, abre as janelas e portas,  se prepara para o voo final junto com  seu grande amor, Anne (Emmanuelle Riva), e nos mostra a liberdade antes mesmo de nos apresentar a morte, numa bela  oração sobre o que verdadeiramente vale viver e sobre o que verdadeiramente vale morrer.
Enfim, Fellini: “O cinema é um modo divino de contar a vida”