Dona Ritinha
criou oito filhos e fazia crochê. Na sua
vida o crochê tomava um sentido filosófico e não apenas real. Enquanto
tecia ela rezava e transformava em rosas
de crochê, ave-marias e pequenas jaculatórias, dependendo da forma ou dos
arremates das toalhas, colchas ou chales. Um dia em tom de censura falou: “Os
amores dessa menina são como crochê, ela termina mas aproveita a linha”. Essa
linha, na realidade era só uma reticência. Ela não sabia a força da reticência
no amor. No amor e na vida, as reticências são passos do pensamento que
continua. Afinal de conta, o amor e a vida fazem parte do mesmo livro. E no
mais, “cada qual que se avenha com seu pecado” como diria Dom Quixote.
P.S – Ah! aquela lua esparramada no mar, se entregando e
recebida como presente nos mistérios do amor, “onde as estrelas mentem luz, ó
noite, única coisa do tamanho do universo, torna-me, corpo e alma, parte do teu
corpo, que eu me perca em ser mera treva e me torne noite também...”
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