O Muro
Era um longo muro branco, que tomava quase uma quadra da rua Princesa Isabel, caminho de casa para a escola Externato São Luis, colégio de Pe. Eimard. Escrito a carvão com letras caprichosamente grandes:
Maria Emilia de Rodat eu te amo tes
É a minha mais antiga experiência do amor. Eu tinha 12 anos. Tive a fortuna de ter aquele muro só para mim e continua até hoje na minha emoção. Uso sempre quando o amor se revela e também me alivia o espírito de tantas lutas secretas.
A minha adoção é deliciosa, mas a recordação da chegada em casa, quando minha mãe incrivelmente irritada, falou:”- Desta idade e já falada pelos muros da rua! Trate de apagar, seja lá como for!”
Saí morta de vergonha, carregando uma faquinha para raspar letra por letra da “minha fortuna”. Meu pai também tomou conhecimento e mandou alguém pintar o muro. A cal deixou o muro branquinho, é verdade, mas as letras ficaram num belo baixo relevo continuando
Maria Emilia de Rodat eu te amo tes
O autor ficou no silêncio misterioso do amor e eu nunca vi a sua face.
Ler as suas crônicas desperta minha curiosidade sobre as pessoas, sangue do meu sangue, mas tão pouco as conheci.
ResponderExcluirObrigada por isso, tia!
Um beijo.
Rita