terça-feira, 17 de julho de 2012

Linha ou reticência, eis a questão!


Dona Ritinha criou oito filhos e fazia crochê.  Na sua vida o crochê tomava um sentido filosófico e não apenas real. Enquanto tecia  ela rezava e transformava em rosas de crochê, ave-marias e pequenas jaculatórias, dependendo da forma ou dos arremates das toalhas, colchas ou chales. Um dia em tom de censura falou: “Os amores dessa menina são como crochê, ela termina mas aproveita a linha”. Essa linha, na realidade era só uma reticência. Ela não sabia a força da reticência no amor. No amor e na vida, as reticências são passos do pensamento que continua. Afinal de conta, o amor e a vida fazem parte do mesmo livro. E no mais, “cada qual que se avenha com seu pecado” como diria Dom Quixote.

P.S – Ah!  aquela lua esparramada no mar, se entregando e recebida como presente nos mistérios do amor, “onde as estrelas mentem luz, ó noite, única coisa do tamanho do universo, torna-me, corpo e alma, parte do teu corpo, que eu me perca em ser mera treva e me torne noite também...”  

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